poemas fora de
ardem
para Adrianna Coelho
* * *
pela tua poesia andei
agora pise com cuidado:
plantei para ti
campos
mimados.
* * *
o sol alpino
na cabeça
o frio nada valha.
* * *
nenhum verso
seguro.
solto:
palavras
explodem no ar!
* * *
o sol
laço
quando
sou só
luço.
* * *
quero terminar essa poesia tonta
mas dizer não é tão ruim
que quando me dou conta
estou perto do sim.
* * *
amor
o gavião cai
por águia
abaixo.
carito
28 de maio de 2009
Campos mimados
Postado por Adrianna Coelho às 21:07 1 comentários
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24 de maio de 2009
Tangerina
palavras têm cor cheiro sabor movimentam soltas juntas se dobram repartidas fingem silêncio e modificam a densidade dos sons mas palavra não sacia palavra quer mais quer saliva quer aperto no canto da língua.
Postado por Adrianna Coelho às 15:25 0 comentários
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22 de maio de 2009
Bocas anoitecidas
Que belo vinho
fermentado em
sí-la-bas, em boca azul
-vermelha, recitando do
-de-cas-sí-la-bos heróicos
em noite-rubra [ou serão duas
bocas?!].
Que delicado e tênue desenho de
rede de Indra, teia, destinos paralelos,
universos descendo em funis vermelhos
-azuis.[E minha roupa manchada de roxo...].
Que sede de luz e
imagem e boca cheia,
capaz de unir sonhos
e cantos-de-sereia, em
elos sutis e embriaguez
[de dois ébrios rindo,
lado a lado...].
Marcelo Novaes
(sóbrio, contemplando a Rede de Indra, com um ponto-pérola capturado, luminoso, azul-dourado, no entrecruzamento de dois fios: Adrianna)
Postado por Adrianna Coelho às 18:16 0 comentários
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21 de maio de 2009
Biografia
raramente digo quem sou
a quem quer que eu seja
eu sou ela
aquela
p(a)irando
entre o si(m)-
lêncio e o não
às vezes obscura(mente)
me entrego a prazeres vãos
um deles é a poesia
(acorda de noite
dorme de dia)
Mariana Botelho
Postado por Adrianna Coelho às 18:52 0 comentários
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20 de maio de 2009
Labirinto
Passar pela porta entreaberta no pensamento
Ser único e ser cada um.
Restaurar, avivar na memória as salas há muito abandonadas
e enegrecidas pela vontade do tempo.
Embeber em malícia a língua da mulher
Encharcar de ternura a mão do homem.
Expurgar do mundo essa forma inacabada de amor,
Ser o outro, sendo tu e ao mesmo tempo todo o mundo.
Abrir janelas, sair ao sol,
chamar os amigos e conspirar para o bem,
ajudando a girar a roca onde se faz a linha
com a qual tecemos a vida.
Esquecer a maldição de que se vive um dia de cada vez.
Pensar no hoje como único, como eterno,
buscando agora todo o bem que se pretendia para amanhã.
Respirar fundo e soprar,
para que nunca deixem de se movimentar os gigantes de vento.
Estar na palavra/ser a palavra
Chorar. Para que esse choro caia na terra
fazendo germinar sementes
para que cresçam árvores
para que finalmente nos dias de sol haja mais sombra.
Jhonny Russel
Postado por Adrianna Coelho às 00:37 0 comentários
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16 de maio de 2009
A faca não corta o fogo; mas arrisca
Cortemos apenas um gesto:
a mão perfeita, por demais
perfeita. Cortemos o
atrevimento de se ser
perfeito; o mais,
deixemos quieto.
Cortemos as quimeras
as tessituras por demais
simétricas, os contextos
e sólidas estruturas, e
deixemos o andar manco
o verso manco e branco,
o olhar reverso o breu e o
branco, quando se dão no
palco.
Cortemos apenas um gesto
com faca afiada: a frase de
fogo em sublime metamorfose,
a frase que não se apaga nem na
neve; a metamorfrase na porta do
templo - de Zeus, de Hera -, que
também é
nave.
Postado por Adrianna Coelho às 15:37 4 comentários
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